A Financiadora de Estudos e Projeto (Finep) e o governo do Estado assinarão na semana que vem um termo de outorga para liberação de mais de R$ 4 milhões para o Projeto Estruturante de Agroenergia do Rio Grande do Sul. Os recursos serão aplicados em pesquisas e assistência técnica no cultivo de mamona, girassol e canola para a produção de biodiesel e de mandioca e cana-de-açúcar para a geração de álcool.
O anúncio foi feito nesta quinta-feira (22) pelo pesquisador da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), Nídio Barne, durante audiência pública da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da Assembléia Legislativa.
Cerca de R$ 2,5 milhões do valor liberado será destinado pelo Finep e outros R$ 1,5 milhão pelo governo do Estado. O projeto, elaborado desde 2005, envolve 21 entidades, entre instituições como a Emater, Fepagro e Embrapa, além de universidades gaúchas e cooperativas. "Até então tínhamos projeto no papel.
A partir de agora começaremos a executá-lo por meio de plantas experimentais e incentivos à familiarização do produtor com novas as culturas que se apresentam", explicou Barne. Ele destacou que os agricultores precisam dominar as tecnologias agrícolas de novas culturas para terem resultados positivos. "A mamona, por exempelo, é uma cultura que está recém iniciando no Estado. Alguns anos ainda serão necessários para que se firme como uma alternativa plenamente rentável", apontou.
O presidente da Comissão de Agricultura, deputado Adolfo Brito (PP), destacou que boa parte dos prejuízos da safra passada de mamona foram decorrentes do uso de sementes sem qualidade, aliadas a falta de incentivo técnico. "A cadeia produtiva da mamona precisa receber recursos para poder se organizar. Desta forma, representará uma forte opção de diversificação de cultura no Estado, principalmente nas pequenas propriedades", destacou o deputado. Representando a Oleoplan S/A Óleos Vegetais Planalto, Gildo Barnes lembrou que a indústria precisa de uma oleonaginosa que possa cobrir a entressafra da soja, por isso há interesse na mamona.
Durante a audiência pública, o presidente da Cooperativa dos Produtores de Mamona (Coopromo), Renato Martinez, destacou os baixos resultados de 2006.
"Reduzimos o plantio em 80% neste ano, só continuou na atividade quem teve um mínimo de produtividade", revelou. O engenheiro industrial Vilson Machado, responsável pelo Projeto Mamona RS e representante da indústria Vinema Multióleos, reclamou da falta de incentivos do governo do Estado e de instituições financeiras. "Planto mamona há mais de 25 anos, e até hoje não ganhei um centavo de incentivo à pesquisa ou até mesmo de financiamento de bancos", contou.
O gerente regional da Superintendência do Banco do Brasil, José Mauro Tanner de Lima Alves, admitiu que até o ano passado a instituição não oferecia crédito para o plantio de mamona pelo fato de ser uma cultura nova, ainda sem um zoneamento definido e seguro agrícola estabelecido. "Antes de financiar, precisamos saber de que forma a mamona foi cultivada e se há perspectiva de mercado para o produto", disse. Porém, informou que para a safra 2006/2007 o Banco do Brasil passará a disponibilizar linhas de crédito para o plantio de mamona no RS.